DIA 16 DE OUTUBRO À conversa com
ANTÓNIO BAETA - A Poesia no Garb al-Andalus
com início às 19 h, no Bar de Vinhos About Wine, em Faro
*
Poesia &
Companhia
Sessão de 16
de Outubro
Quero
deixar-vos algumas indicações que facilitem a compreensão de
alguns assuntos que irei abordar e têm a ver com a estrutura da
língua árabe:
- a língua
árabe é basicamente consonântica trilítera. Quero dizer que, no
fundamental, as palavras usam 3 consoantes.
- as vogais
existem e são três: a, i e
u, mas não se escrevem, a não ser quando os textos se dirigem a
não falantes do árabe, nos primeiros tempos de aprendizagem e são
reconhecidas por sinais muito rudimentares, tipo traços ou curvas.
Vejamos um
exemplo: ( o exemplo
socorre-se da transliteração dos sons das letras árabes para a
sonoridade da escrita latina)
Ktb
Trata-se de
uma palavra árabe, sem vocalização, mas que qualquer falante ou
estudante de árabe reconhece.
Sem contexto
ler-se-ia Kataba, que
significa precisamente o que estou a fazer – escrever.
Mas com
aquelas três consoantes (ktb) eu poderia ter sido levado a ler a
palavra livro, por
exemplo, já que se escreve exatamente da mesma maneira - KTB, mas
cuja sonoridade seria kitáb.
Com as
mesmas consoantes poderia ler, em adequado contexto, kátíb
e então aí estaria a referir-me a escritor.
O uso da
acentuação assinala as vogais longas (em
árabe identificadas como consoantes), daí o uso
destes dois acentos na mesma palavra, em kátíb.
E com o
básico Ktb poderíamos continuar a escrever escola,
por exemplo, com o simples acrescento de uma letra que tem função
operativa, o m, em
maktab.
Poderíamos
continuar com mensagem,
nota, escritura,
inscrição, livreiro,
livraria, biblioteca,
copiar, transcrever,
transcrição,
corresponder-se…
Na sua base
consonântica trilítera é este o papel das vogais, que os falantes
não necessitam usar na escrita, pois identificam a sua base nos
contextos de leitura.
Complicado?
(falaremos no dia 16.
Entenda-se como uma curiosidade, muito utilizada na poesia em figuras
de retórica)