Porque o prometido é devido, o número 1 de À TERTÚLIA, realizou-se n’ A Venda, no dia 19 de Junho, com início às 18:30, seguido de jantar.
Os participantes foram chegando e a conversa iniciou-se sem pressas.
O promotor moderador da sessão foi o Marco Mackaaij, à direita na foto.
O tema, ou mote, era A LITERATURA E A VIDA e sobre ele se discorreu, falando-se e lendo-se poemas e outros textos, como um conto de Soeiro Pereira Gomes, As crianças da minha rua, que provocou fortes emoções.
Envolvendo a tertúlia, o Vasco, recém saído da apresentação da sua tese de doutoramento sobre o poeta João Lúcio, e a presença ocasional do poeta António Cândido Franco, que não disse, mas podia ter dito: Chamo poesia à imaginação; fora da imaginação não sei o que seja poesia. A imaginação é tanto mais forte quanto se aproxima do inimaginável. Só essa aproximação, assim impossível, traz consigo a percepção de um outro mundo, virgem, original, desconhecido.
E depois jantou-se, mas ainda se ouviram poemas como este, com que acabo este breve relato, trazido à tertúlia pelo Marco.
Envolvendo a tertúlia, o Vasco, recém saído da apresentação da sua tese de doutoramento sobre o poeta João Lúcio, e a presença ocasional do poeta António Cândido Franco, que não disse, mas podia ter dito: Chamo poesia à imaginação; fora da imaginação não sei o que seja poesia. A imaginação é tanto mais forte quanto se aproxima do inimaginável. Só essa aproximação, assim impossível, traz consigo a percepção de um outro mundo, virgem, original, desconhecido.
E depois jantou-se, mas ainda se ouviram poemas como este, com que acabo este breve relato, trazido à tertúlia pelo Marco.
Um Homem e a Sua Vida
Um homem não tem tempo na sua vida
para ter tempo para tudo.
Não tem momentos que cheguem para ter
momentos para todos os propósitos. Eclesiastes
está enganado acerca disto.
Um homem precisa de amar e odiar no mesmo instante,
de rir e chorar com os mesmos olhos,
com as mesmas mãos atirar e juntar pedras,
de fazer amor durante a guerra e guerra durante o amor.
E de odiar e perdoar e lembrar e esquecer,
de planear e confundir, de comer e digerir
que história
leva anos e anos a fazer.
Um homem não tem tempo.
Quando perde procura, quando encontra
esquece, quando esquece ama, quando ama
começa a esquecer.
E a sua alma é erudita, a sua alma
é profissional.
Só o seu corpo permanece sempre
um amador. Tenta e falha,
fica confuso, não aprende nada,
embriagado e cego nos seus prazeres
e nas suas mágoas.
Morrerá como um figo morre no Outono,
Enrugado e cheio de si e doce,
as folhas secando no chão,
os ramos nus apontando para o lugar
onde há tempo para tudo.
Yehuda Amichai (1924-2000), poeta israelita.
(Tradução de Shlomit Keren Stein e Nuno Guerreiro)
[Até à próxima!]
Existe algum grupo/Associaçao ou algo do género, ligado a poesia de rua? Existe poesia de rua em Faro? Eu fazia parte de um pequeno grupo no estrangeiro que fazia slam poetry e gostaria de saber se existe ou se estão abertos a implementar esse novo estilo. Sei que poesia portuguesa tende a ser muito tradicionalista, mas se puderem dar uma oportunidade a esse estilo acho que iriam acabar (talvez) por gostar :) assim tanto como eu.
ResponderEliminarSim estamos interessados. Não, não existe que eu saiba poesia de rua em Faro. Podes contactar-me directamente: 917807937
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