segunda-feira, 31 de março de 2014
Não posso adiar o amor para outro século
Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração
António Ramos Rosa
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração
António Ramos Rosa
domingo, 30 de março de 2014
Lembrança da Ria de Faro
Dunas atrás da casa
gafanhotos cor de
madeira cardos cor de areia
ao fim da tarde,
barcos na água rósea
onde a cidade, em frente à casa, cai
De madeira caiada a
casa está
sobre a areia, que escurece quando
a maré devagar desce na praia
Gastão Cruz
gafanhotos cor de
madeira cardos cor de areia
ao fim da tarde,
barcos na água rósea
onde a cidade, em frente à casa, cai
De madeira caiada a
casa está
sobre a areia, que escurece quando
a maré devagar desce na praia
Gastão Cruz
sábado, 29 de março de 2014
Mais um poema
Verões virão
E verões virão ainda
de pés descalços
de apanhar pedras na praia
de cheirar a cor do mar
de usar tão curta a saia.
E verões virão ainda
de subir rochas
usar no pé uma sandália
cantar canções
fazer rodar a saia.
E virão verões assim ainda.
E verões virão ainda
de nadar umas braçadas
beber taças de mojitos
comer camarão picante
deixar cair a saia.
E verões virão
em que o mar se aquietará
e nem pés nus nem nas sandálias.
A conta gotas
onde é que estou
para onde fui
o que é que eu fiz
às minhas saias.
Sara Monteiro
Sara Monteiro
sexta-feira, 28 de março de 2014
Luar de Agosto
Luar de Agosto, o céu em lua cheia!
Na mole intumescência o mar cantando,
Parece estar uma oração rezando...
E, por cenário, o fundo duma aldeia...
Insisto: Algarve em festa; bruxuleia
A luz da lua, tudo prateando
Num milagre de luz, que vai mostrando
Festa que lembra uma Panateneia...
Há saudades de amor e de verbenas...
Trilam as rãs, desfolham-se açucenas,
À luz mortiça do luar dorido...
E é Faro a Sulamitis descansada
No regaço da noite, desmaiada,
Sem os astros a terem pressentido!
Vítor Castella
Na mole intumescência o mar cantando,
Parece estar uma oração rezando...
E, por cenário, o fundo duma aldeia...
Insisto: Algarve em festa; bruxuleia
A luz da lua, tudo prateando
Num milagre de luz, que vai mostrando
Festa que lembra uma Panateneia...
Há saudades de amor e de verbenas...
Trilam as rãs, desfolham-se açucenas,
À luz mortiça do luar dorido...
E é Faro a Sulamitis descansada
No regaço da noite, desmaiada,
Sem os astros a terem pressentido!
Vítor Castella
quinta-feira, 27 de março de 2014
Vila do Bispo
Os poetas doentes de palavras
habitam litorais enevoados
percorrem praias de calhaus
ao sabor de ventos e marés.
Haverá sempre uma duna
que lhes desperte um sentimento
água límpida, poentes
lágrimas de deuses cinzentos.
Inútil a solidão
da casa da falésia
dos pinheiros na colina
da vegetação ardida
e de novo renascida
pela inevitável passagem das estações.
Melhor a perfeição do casario
a simplicidade da praça
as ruas rectilíneas e desertas
deste sul com sabor atlântico
e restos de navios.
António Ventura
habitam litorais enevoados
percorrem praias de calhaus
ao sabor de ventos e marés.
Haverá sempre uma duna
que lhes desperte um sentimento
água límpida, poentes
lágrimas de deuses cinzentos.
Inútil a solidão
da casa da falésia
dos pinheiros na colina
da vegetação ardida
e de novo renascida
pela inevitável passagem das estações.
Melhor a perfeição do casario
a simplicidade da praça
as ruas rectilíneas e desertas
deste sul com sabor atlântico
e restos de navios.
António Ventura
quarta-feira, 26 de março de 2014
Eu acredito no silêncio
Eu acredito no silêncio.
Eu creio no seu poder.
Não é preciso mostrar
O som da palavra,
Basta olhar…
Não é preciso gritar
O som da dor,
Basta sentir…
Paula Laranjo
Paula Laranjo
terça-feira, 25 de março de 2014
Formação em literatura - 29 Março
Curso breve de nova literatura portuguesa [1990-2013]: poesia
Descritivo:
Formador: Paulo Pires
Data: 29 de Março de 2014 - 14h00 às 18h00
Local: Associação ArQuente (Faro), no âmbito do Festival Poesia & Companhia
Público-alvo: público em geral
Requer inscrição prévia (mínimo de 8 pessoas) | 10€ por pessoa - desconto aos primeiros cinco inscritos
Conteúdo:
Tanto a novíssima poesia como a fértil microficção portuguesas – universos sobre os quais ainda recai um
acentuado desconhecimento, pouca visibilidade e, por vezes, alguns preconceitos/estereótipos – podem, de facto, pelas suas indesmentíveis vitalidade e diversidade, constituir-se como recursos úteis, dinâmicos e eficazes para a criação e/ou aumento e consolidação dos hábitos de leitura. Paralelamente, é importante, não só para os vários profissionais da área (professores, bibliotecários, animadores e mediadores de leitura, etc.), mas também para o público em geral, ter um conhecimento actualizado, abrangente, sintético e selectivo dos autores e obras, com qualidade literária, que todos os dias chegam às livrarias, contextos digitais e media em Portugal.
Paulo Pires | bio curta
Nasceu em Faro em 1977. Tem formação superior em Línguas e Literaturas Modernas e especializações em Estudos Culturais, em Arquivística e em Música.
Trabalhou vários anos no sector livreiro numa empresa líder de mercado.
Produziu diversas obras de investigação, artigos especializados e conferências, e coordenou colóquios de
referência e tratamento de espólios documentais sobre história contemporânea algarvia.
Tem desenvolvido projectos de mediação e difusão da leitura/literacia com as mais reconhecidas figuras das Letras, Artes e Cultura portuguesas, e em colaboração com a Secretaria de Estado da Cultura.
Dinamiza intervenções culturais de continuidade em bibliotecas e em contextos associativos e escolares (e noutros espaços não convencionais), promovendo práticas de Voluntariado de Leitura.
Colabora assiduamente, a nível de investigação, eventos e publicações, com o Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias (CLEPUL) da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Integra, com Sónia Pereira, o projecto “Experiment’arte” (promoção interdisciplinar da leitura).
É formador nas áreas da Literatura e da Programação Cultural. Escreve regularmente na imprensa sobre cultura, bibliotecas, livros e música.É, actualmente, programador cultural no Município de Silves.
Descritivo:
Formador: Paulo Pires
Data: 29 de Março de 2014 - 14h00 às 18h00
Local: Associação ArQuente (Faro), no âmbito do Festival Poesia & Companhia
Público-alvo: público em geral
Requer inscrição prévia (mínimo de 8 pessoas) | 10€ por pessoa - desconto aos primeiros cinco inscritos
Conteúdo:
Tanto a novíssima poesia como a fértil microficção portuguesas – universos sobre os quais ainda recai um
acentuado desconhecimento, pouca visibilidade e, por vezes, alguns preconceitos/estereótipos – podem, de facto, pelas suas indesmentíveis vitalidade e diversidade, constituir-se como recursos úteis, dinâmicos e eficazes para a criação e/ou aumento e consolidação dos hábitos de leitura. Paralelamente, é importante, não só para os vários profissionais da área (professores, bibliotecários, animadores e mediadores de leitura, etc.), mas também para o público em geral, ter um conhecimento actualizado, abrangente, sintético e selectivo dos autores e obras, com qualidade literária, que todos os dias chegam às livrarias, contextos digitais e media em Portugal.
Paulo Pires | bio curta
Nasceu em Faro em 1977. Tem formação superior em Línguas e Literaturas Modernas e especializações em Estudos Culturais, em Arquivística e em Música.
Trabalhou vários anos no sector livreiro numa empresa líder de mercado.
Produziu diversas obras de investigação, artigos especializados e conferências, e coordenou colóquios de
referência e tratamento de espólios documentais sobre história contemporânea algarvia.
Tem desenvolvido projectos de mediação e difusão da leitura/literacia com as mais reconhecidas figuras das Letras, Artes e Cultura portuguesas, e em colaboração com a Secretaria de Estado da Cultura.
Dinamiza intervenções culturais de continuidade em bibliotecas e em contextos associativos e escolares (e noutros espaços não convencionais), promovendo práticas de Voluntariado de Leitura.
Colabora assiduamente, a nível de investigação, eventos e publicações, com o Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias (CLEPUL) da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Integra, com Sónia Pereira, o projecto “Experiment’arte” (promoção interdisciplinar da leitura).
É formador nas áreas da Literatura e da Programação Cultural. Escreve regularmente na imprensa sobre cultura, bibliotecas, livros e música.É, actualmente, programador cultural no Município de Silves.
2 poemas abertos ao regime, saliva
exorto à primavera que desponta
na erva fofa que cobre os prados
escutando chilrear os pássaros
resmalha-me um regato na boca
e é por isso que em ti penso coelho
correndo para minha toca
dão-te caça a torto e a direito
mas tu único e verdadeiro
és um coelho muito esperto
cada palavra tua uma luz divina
que se entorna por mim adentro
tens perdido cabelo
isso que dizem é só inveja
corre para a minha toca coelho
que eu coço-te a careca
***
no longo frio do inverno
se se assoma a névoa da incerteza
enxugo as lágrimas do medo
e prendo ao quentinho do meu pensamento
os teus discursos sobre crescimento
és duma língua empreendedora
esgalhas tão bem as palavras
quando à coragem portuguesa teces loas
ardem-me os peitos quais fagulhas
ergues alto o mastro da nação
seguem-te muitos capitães
com a brava espada na mão
não me amansa a fera
a pena do poeta peço-te
do alto da sofreguidão
coelho quando possas
refunda-me a constituição
João Bentes
segunda-feira, 24 de março de 2014
POESIA A DOBRAR
28 - Sexta-feira
18h30 / 20h30 - sede da ArQuente, Faro - À conversa com Rogério Cão & Luís Ene + leituras encenadas pelos próprios
por causa do fumo
a metade acesa da lua
derrama-se pelo mar
até à ria
ambos assim
a esta distância
parecem quietos
isto de ter que vir fumar
à janela
é um bocado chato
mas às vezes traz poesia
Pedro Afonso
derrama-se pelo mar
até à ria
ambos assim
a esta distância
parecem quietos
isto de ter que vir fumar
à janela
é um bocado chato
mas às vezes traz poesia
Pedro Afonso
domingo, 23 de março de 2014
OFICINA DE ESCRITA - Luís Ene
23 Março, 16h_18h - Tertúlia Algarvia - Oficina de escrita, por Luís Ene
GUIÃO
- Escreve como a estrada começa
e depois recomeça
A partir de uma frase/verso/poema
de Mário Cesariny o participante será desafiado a escrever, a escrever e a
escrever, e depois a reescrever, marcando dois claros momentos no exercício da
escrita. Será também desafiado a comentar/criticar o seu texto e os textos dos
outros.
Princípios a ter em conta:
Escreve-se escrevendo.
Escrever é rasurar.
Escrever é sempre escrevermo-nos.
I – Ponto de partida
Frase a utilizar
Ama como a estrada começa
Mário Cesariny
Regras básicas:
Escreva sem pensar (muito), deixe
que a mão escreva, deixe que o texto se escreva.
Não apague, não risque, continue
sempre, recomeçando se tal se mostrar necessário.
Não há certo nem errado.
II – Exercícios - Enunciação - A
serem executados pela ordem e na
quantidade desejada
1. Continue a frase, descrevendo,
linha a linha, como/onde/quando a estrada começa (pode pensar ou não em
versos/linhas). Deixe-se guiar pelas palavras, pelos seus sons e pelos seus
sentidos, procure um ritmo.
Exemplo:
Ama como a estrada começa
Pelo princípio do princípio
No ponto exacto onde a imaginaste
...
2. Uilizar a frase, escrevendo
uma pequena ficção. Para tanto altere-se o sujeito e os tempos verbais, se for preciso, e acrescente-se um
resultado, uma conclusão, tanto quanto possível contraditório ou inusitada.
Exemplo:
Ela amava como a estrada
começava, a direito, o pior era quando apareciam as curvas e contra-curvas.
Ele amava como a estrada
começava, o problema é que nunca acabava.
...
3. Use a frase como a primeira de
um diálogo e continua-o. Imagina o que está fora, escuta o diálogo como se o
estivesses a ouvir com dificuldades, como se o tivesses de aclarar, de
completar, de interpretar.
Exemplo.
- Ama como a estrada começa.
- O que queres dizer com isso?
- Porque perguntas? Nunca amaste?
III
Escolha um dos exercícios e
reescreva o material, escolhendo, cortando e corrigindo até encontrar um
resultado final.
sábado, 22 de março de 2014
Quando não tenhas à mão...
Quando não tenhas à mão
Outro livro mais distinto
Lê estes versos que são
Filhos das mágoas que sinto.
António Aleixo
Outro livro mais distinto
Lê estes versos que são
Filhos das mágoas que sinto.
António Aleixo
sexta-feira, 21 de março de 2014
Manifestação poética - Tu és o poema - Vem dizer-te na nossa companhia
dia 22 de Março
Concentração no Maktostas às 16 h
Saída 16:30
Percurso Maktostas sede da ArQuente
Pontos de paragem
1 -maktostas
2 -Pontinha
3 -em frente à zara
4 -Café Aliança,
5 -Jardim Manuel Bivar em frente à estátua de João de Deus
última etapa em direcção à sede da ArQuente
Avaliação Periódica, pressupostos
Rui Manuel Amaral define a literatura como uma macieira que dá laranjas, afirmação instigadora e cheia de potencialidades.
Mas se é fantástico que uma macieira vá além de si mesma e dê laranjas, literais ou poéticas, também confesso que me continuo a surpreender com o facto de uma macieira dar apenas maças.
Agora o que me pareceu sempre um erro, é avaliar uma macieira pela sua incapacidade de dar laranjas. "Sim, as maças desta macieira são fantásticas, mas não são laranjas."
Dito isto e passando ao tema da avaliação, periódica, deste festival, gostaria de lembrar que
O Festival pretende:
- aproximar o público da poesia e dos poetas Algarvios
- promover o diálogo entre a poesia e as outras disciplinas artísticas
- chamar a atenção para a Cidade Velha (revitalização)
- formar, atrair e fidelizar público para as manifestações artísticas
locais, promovendo e facilitando a sua intervenção no desenho do evento
- afirmar a importância da arte
- aproximar os diversos agentes culturais
nesta medida, será com base nestes objectivos, e não noutros que faremos qualquer avaliação.
E devo notar que a participação/intervenção no desenho do evento esteve e está sempre em aberto, dependendo de todos o que quiserem fazer este festival.
quinta-feira, 20 de março de 2014
Elegia
Ouvi dizer que não se dava com ninguém,
nos últimos tempos; subia sozinho a rua, até ao café,
e nada lhe desviava o olhar de uma atenção fixa
em algures, ou num pensamento que guardou para
si próprio. A vida é sempre uma realidade frágil
para quem se apercebe do outono e os primeiros ventos
do norte, que trazem consigo os céus limpos e as nuvens frias,
arrefecem a alma que não ganhou o hábito da solidão. “A poesia,
respondo-lhe, não dá resposta a esse último desconforto
do ser.” Ele não me ouve, agora que o seu próprio nome
se apaga na monotonia das tardes e das lentas estações. Só
uma ave antiga cruza, por vezes, o céu de esquecimento
em que a sua sombra dorme; deixando um sulco de asas,
como um verso, acordar por instantes a sua imagem.
Nuno Júdice
nos últimos tempos; subia sozinho a rua, até ao café,
e nada lhe desviava o olhar de uma atenção fixa
em algures, ou num pensamento que guardou para
si próprio. A vida é sempre uma realidade frágil
para quem se apercebe do outono e os primeiros ventos
do norte, que trazem consigo os céus limpos e as nuvens frias,
arrefecem a alma que não ganhou o hábito da solidão. “A poesia,
respondo-lhe, não dá resposta a esse último desconforto
do ser.” Ele não me ouve, agora que o seu próprio nome
se apaga na monotonia das tardes e das lentas estações. Só
uma ave antiga cruza, por vezes, o céu de esquecimento
em que a sua sombra dorme; deixando um sulco de asas,
como um verso, acordar por instantes a sua imagem.
Nuno Júdice
quarta-feira, 19 de março de 2014
Tarde de leite e rosas, ouvindo a floresta
Tarde de leite e rosas. Cada aresta,
Tinha um rubi tremente:
Fomos ouvir o canto da floresta,
O seu canto de amor, ao sol poente.
Tinha um rubi tremente:
Fomos ouvir o canto da floresta,
O seu canto de amor, ao sol poente.
Tu querias sorver os poderosos
Lamentos de saudade e comoção
Que, as raízes, dos fundos tenebrosos,
Mandavam, pelo ramo, pra o clarão.
Lamentos de saudade e comoção
Que, as raízes, dos fundos tenebrosos,
Mandavam, pelo ramo, pra o clarão.
Opalescera já, o ar. O vento,
Correndo atrás da sombra, murmurou...
Sentiu-se um fechar de asas. Num momento,
A floresta, cantou.
Correndo atrás da sombra, murmurou...
Sentiu-se um fechar de asas. Num momento,
A floresta, cantou.
Em cada ramo, um violino havia:
Cada folha vibrava, ágil, sonora,
Par'cendo que escondia uma harmonia,
Nas sombras das ramagens, a Aurora.
Cada folha vibrava, ágil, sonora,
Par'cendo que escondia uma harmonia,
Nas sombras das ramagens, a Aurora.
Como a floresta, meu amor, eu tento,
Atirar o meu canto pra a altura:
Para a fazer cantar, toca-lhe o vento,
Pra me fazer cantar, no pensamento,
Passa o sopro da tua formosura
Atirar o meu canto pra a altura:
Para a fazer cantar, toca-lhe o vento,
Pra me fazer cantar, no pensamento,
Passa o sopro da tua formosura
João Lúcio
Próximo fim-de-semana na nossa companhia
21 - Sexta-feira
18h30_20h30 - sede da ArQuente, Faro - À conversa com Miguel Godinho + leituras encenadas por Mauro Amaral
21h - sede da ArQuente, Faro - Espectáculo: Mauro Amaral & Amigos
22- Sábado
16h - Manifestação poética - Tu és o poema - Vem dizer-te na nossa companhia - Concentração às 16 horas em frente ao Maktostas
18h30_ 20h30 - Conversa a propósito de Cidade Autuada - a partir de um auto para Jerusálem de Mário Cesariny
21h - Museu Municipal de Faro - Cinema pelo Cineclube de Faro: “Autografia”, por Miguel Gonçalves Mendes
23 - Domingo
16h_18h - Tertúlia Algarvia - Oficina de escrita, por Luís Ene (máx. 15)
18:30 - Abertura da exposição/ocupação "O meu Quadro é um poema", de Armando Correia.
terça-feira, 18 de março de 2014
OFICINA DE ESCRITA - 23 de Março
Oficina de escrita, por Luís Ene
Dom. 23 Março - 16h/18h - Tertúlia Algarvia - €10 (Desconto para os primeiros cinco inscritos) Máximo de 15 participantes
Escreve como a estrada começa e depois recomeça
A partir de uma frase/verso/poema o formando será desafiado
a escrever, a escrever e a escrever, e depois a reescrever, marcando dois
claros momentos no exercício da escrita. Será também desafiado a
comentar/criticar o seu texto e os textos dos outros.
Sobre o formador
Luís Ene foi, em 2002, vencedor da 1ª edição do concurso Novos Talentos com o romance 'A Justa Medida'. No mesmo ano, criou o blog Mil e Uma Pequenas Histórias. Está representado em várias antologias poéticas. Foi fundador e co-editor da Minguante, revista de micro-narrativas online. Manteve durante dois anos um programa semanal dedicado à literatura na Rádio Universitária do Algarve. Faz parte do projecto musical SomComTom. Esteve na origem dos grupos literários Sulscrito e Texto-al. Mantém actualmente o blog Ene Coisas.
segunda-feira, 17 de março de 2014
S/título
Ergo os olhos acima da
linha
de água e contemplo
os versos que os seixos desenham
à tona de mim.
Mergulho as mãos, pelo avesso,
no espelho da bacia e desconheço
o cheiro a mel e amêndoas
no fundo das palavras.
À superfície, boiam mortas as folhas
de oliveiras ancestrais;
mas no fundo, lá bem no fundo,
é o teu rosto que me assombra...
Alexandre Homem Dual
domingo, 16 de março de 2014
Respirar Fundo
Hoje senti-me uma resistente, como se tivesse encontrado uma bolha de oxigénio que permite sobreviver ao ar pesado que o quotidiano nos impõe. Afinal somos mais a resistir. A resistir ao mais do mesmo, ao fazer mais com menos, ao aparecer só para ser visto, à acção que não tem outro objectivo senão apenas ficar registado numa qualquer objectiva. Resistimos pela palavra, essa arma que tem tanto de subtil quanto de poderosa. Resistimos pela poesia. Uns já resistentes experientes, outros que se arriscavam pela primeira vez. Uns dando voz à sua poesia, outros à de outros. Pela poesia apenas. Pelo puro gozo da palavra. Hoje resistimos, e isso dá-me esperança!
Anabela Afonso
[A propósito do Ler Alto de dia 16]
Anabela Afonso
[A propósito do Ler Alto de dia 16]
sábado, 15 de março de 2014
Poema de Amor para Uso Tópico
Quero-te, como se fosses
a presa indiferente, a mais obscura
das amantes. Quero o teu rosto
de brancos cansaços, as tuas mãos
que hesitam, cada uma das palavras
que sem querer me deste. Quero
que me lembres e esqueças como eu
te lembro e esqueço: num fundo
a preto e branco, despida como
a neve matinal se despe da noite,
fria, luminosa,
voz incerta de rosa.
a presa indiferente, a mais obscura
das amantes. Quero o teu rosto
de brancos cansaços, as tuas mãos
que hesitam, cada uma das palavras
que sem querer me deste. Quero
que me lembres e esqueças como eu
te lembro e esqueço: num fundo
a preto e branco, despida como
a neve matinal se despe da noite,
fria, luminosa,
voz incerta de rosa.
Nuno Júdice
Poesia & Companhia no Estado da Arte
Estado da Arte
FESTIVAL POESIA E COMPANHIA, EM FARO.
Primeira Emissão: 14 Mar 2014
Duração: 04m
Classificação:
Duração: 04m
Classificação:
De Norte a Sul do país há um estaleiro de acontecimentos em construção.
Estado da Arte:
Um palco
Um espetáculo
Uma emoção
Uma ideia
Um convite aos ouvintes? para a galeria de artes da rádio?
Todos os dias...
Medimos o Estado da criação nacional
Do projeto à obra-prima... no Estado da Arte?
De 2 a 6ª feira às 16:11 com Eduarda Maio.
Estado da Arte:
Um palco
Um espetáculo
Uma emoção
Uma ideia
Um convite aos ouvintes? para a galeria de artes da rádio?
Todos os dias...
Medimos o Estado da criação nacional
Do projeto à obra-prima... no Estado da Arte?
De 2 a 6ª feira às 16:11 com Eduarda Maio.
---------------------> Pode ouvir AQUI
Fotografia de Raquel Ponte
sexta-feira, 14 de março de 2014
Desafio superado :)
No dia em que iremos estar com a Sara Monteiro igualo aqui o seu desafio, com muito prazer e um enorme sorriso.
O poema não é fogo
nem cinza
não é uma coisa
nem outra
o poema
é sempre uma coisa
outra
(fumo que arde
sem fogo
nos olhos
cinzentos do
conformismo)
(dor que
se inflama
improvável
no contínuo fogo
da vida)
cinzentos do
conformismo)
(dor que
se inflama
improvável
no contínuo fogo
da vida)
Sara Monteiro escreve a imagem
O desafio continua de pé e a Sara Monteiro responde de novo, criando um poema para ilustração de Camila Beirão dos Reis a um poema de Rogério Cão.
------>
São carapaças
as carapaças. caixas dos ouriços que restaram abrigo de eremitas.
------>
São carapaças
as carapaças. caixas dos ouriços que restaram abrigo de eremitas.
quinta-feira, 13 de março de 2014
14 DE MARÇO
14 Março - Sexta-feira
18h30_20h30 - sede da ArQuente, Faro - À conversa com Sara Monteiro + leituras encenadas por José Jesus e Margarida Cândido Lopes
Boca
Irrompe
feito Verbo, o pensamento
Pela boca, e na graça de um sorriso
Descobre o nosso olhar um paraíso
Num fulgurante e rápido momento.
Pela boca, e na graça de um sorriso
Descobre o nosso olhar um paraíso
Num fulgurante e rápido momento.
Da boca sai
o cântico e o lamento;
As lindas rosas da manhã diviso
Na tua boca, e em beijos corporizo
O meu desejo rútilo e sangrento…
As lindas rosas da manhã diviso
Na tua boca, e em beijos corporizo
O meu desejo rútilo e sangrento…
Folha
revolta, arrebatada palma
Do vento impetuoso da paixão,
A teus pés, caindo-te a minha alma,
Do vento impetuoso da paixão,
A teus pés, caindo-te a minha alma,
Arde em mim,
Bem-Amada, a ânsia louca
(Para sentir melhor teu coração)
De colar ao teu seio a minha boca…
(Para sentir melhor teu coração)
De colar ao teu seio a minha boca…
Cândido Guerreiro
Perfídia
Incrível como se ama
qualquer animal
recém-nascido.
por isso, ainda
que em vão, amamos
o amor quando nasce, esse
animal que em criança
alimentamos,
e que um dia
nos comerá o coração.
Tiago Nené
qualquer animal
recém-nascido.
por isso, ainda
que em vão, amamos
o amor quando nasce, esse
animal que em criança
alimentamos,
e que um dia
nos comerá o coração.
Tiago Nené
quarta-feira, 12 de março de 2014
AUTOGRAFIA
Sou um homem
um poeta
uma máquina de passar vidro colorido
um copo uma pedra
uma pedra configurada
um avião que sobe levando-te nos seus braços
que atravessam agora o último glaciar da terra
O meu nome está farto de ser escrito na lista dos tiranos: condenado
à morte!
os dias e as noites deste século têm gritado tanto no meu peito que
existe nele uma árvore miraculada
tenho um pé que já deu a volta ao mundo
e a família na rua
um é loiro
outro moreno
e nunca se encontrarão
conheço a tua voz como os meus dedos
(antes de conhecer-te já eu te ia beijar a tua casa)
tenho um sol sobre a pleura
e toda a água do mar à minha espera
quando amo imito o movimento das marés
e os assassínios mais vulgares do ano
sou, por fora de mim, a minha gabardina
eu o pico do Everest
posso ser visto à noite na companhia de gente altamente suspeita
e nunca de dia a teus pés florindo a tua boca
porque tu és o dia porque tu és
terra onde eu há milhares de anos vivo a parábola
do rei morto, do vento e da primavera
Quanto ao de toda a gente - tenho visto qualquer coisa
Viagens a Paris - já se arranjaram algumas.
Enlaces e divórcios de ocasião - não foram poucos.
Conversas com meteoros internacionais - também, já por cá
passaram.
E sou, no sentido mais enérgico da palavra
na carruagem de propulsão por hálito
os amigos que tive as mulheres que assombrei as ruas por onde
passei uma só vez
tudo isso vive em mim para uma história
de sentido ainda oculto
magnífica irreal
como uma povoação abandonada aos lobos
lapidar e seca
como uma linha férrea ultrajada pelo tempo
é por isso que eu trago um certo peso extinto
nas costas
a servir de combustível
é por isso que eu acho que as paisagens ainda hão-de vir a ser
escrupulosamente electrocutadas vivas
para não termos de atirá-los semi-mortas à linha
E para dizer-te tudo
dir-te-ei que aos meus vinte e cinco anos de existência solar estou
em franca ascensão para ti O Magnífico
na cama no espaço duma pedra em Lisboa-Os-Sustos
e que o homem-expedição de que não há notícias nos jornais nem
lágrimas à porta das famílias
sou eu meu bem sou eu partido de manhã encontrado perdido entre
lagos de incêndio e o teu retrato grande!
Mário Cesariny
Pena Capital II
pena capital
2ª edição
Assírio & Alvim
um poeta
uma máquina de passar vidro colorido
um copo uma pedra
uma pedra configurada
um avião que sobe levando-te nos seus braços
que atravessam agora o último glaciar da terra
O meu nome está farto de ser escrito na lista dos tiranos: condenado
à morte!
os dias e as noites deste século têm gritado tanto no meu peito que
existe nele uma árvore miraculada
tenho um pé que já deu a volta ao mundo
e a família na rua
um é loiro
outro moreno
e nunca se encontrarão
conheço a tua voz como os meus dedos
(antes de conhecer-te já eu te ia beijar a tua casa)
tenho um sol sobre a pleura
e toda a água do mar à minha espera
quando amo imito o movimento das marés
e os assassínios mais vulgares do ano
sou, por fora de mim, a minha gabardina
eu o pico do Everest
posso ser visto à noite na companhia de gente altamente suspeita
e nunca de dia a teus pés florindo a tua boca
porque tu és o dia porque tu és
terra onde eu há milhares de anos vivo a parábola
do rei morto, do vento e da primavera
Quanto ao de toda a gente - tenho visto qualquer coisa
Viagens a Paris - já se arranjaram algumas.
Enlaces e divórcios de ocasião - não foram poucos.
Conversas com meteoros internacionais - também, já por cá
passaram.
E sou, no sentido mais enérgico da palavra
na carruagem de propulsão por hálito
os amigos que tive as mulheres que assombrei as ruas por onde
passei uma só vez
tudo isso vive em mim para uma história
de sentido ainda oculto
magnífica irreal
como uma povoação abandonada aos lobos
lapidar e seca
como uma linha férrea ultrajada pelo tempo
é por isso que eu trago um certo peso extinto
nas costas
a servir de combustível
é por isso que eu acho que as paisagens ainda hão-de vir a ser
escrupulosamente electrocutadas vivas
para não termos de atirá-los semi-mortas à linha
E para dizer-te tudo
dir-te-ei que aos meus vinte e cinco anos de existência solar estou
em franca ascensão para ti O Magnífico
na cama no espaço duma pedra em Lisboa-Os-Sustos
e que o homem-expedição de que não há notícias nos jornais nem
lágrimas à porta das famílias
sou eu meu bem sou eu partido de manhã encontrado perdido entre
lagos de incêndio e o teu retrato grande!
Mário Cesariny
Pena Capital II
pena capital
2ª edição
Assírio & Alvim
terça-feira, 11 de março de 2014
LER ALTO
16 - Domingo
18h30 - sede da ArQuente, Faro - Ler Alto - sessão de leitura com poetas convidados, aberta à intervenção do público, dinamizado por Pedro Afonso
LerAlto - espaço de
partilha e convívio
O LerAlto é um evento que se pretende que funcione como mostra, através da leitura, do trabalho dos poetas, mas do qual se espera que seja também uma partilha e um espaço de convívio. Assim, convidam-se os poetas a participar lendo os seus poemas e a apresentar-se ao público e que este, a quem também se pede participação, entre em diálogo com os poetas.
O LerAlto teve início em 2005, acontecendo sempre no bar d’Os Artistas, em Faro e prolongou-se por cerca de dois anos com sessões mensais neste mesmo espaço. Deste evento nasceram vários projectos ligados à poesia e foi criada uma dinâmica importante que deu a conhecer novos autores da região ao público da poesia e possibilitou que vários autores se conhecessem pessoalmente.
Nesta rubrica LerAlto, que decorrerá no dia 16, pelas 18h30m, no âmbito do Festival Poesia&Companhia, convidamos quem escreve a vir dar a conhecer o seu trabalho e quem gosta de ouvir poesia a vir ouvir e conhecer os poetas. Haverá também espaço para quem queira ler os seus poemas favoritos, falar deles e dos seus autores.
Do dinamizador:
Pedro Afonso nasceu em Faro em 1979 e é onde vive e trabalha. É autor de dois livros de poesia, "ainda aqui este lugar", 4águas, 2008 e "a mesma cantiga de sempre", Lua de Marfim, 2012. Está representado em várias antologias, sendo a mais recente "Algarve – 12 Poetas a Sul do Século XXI", Livros Capital, 2012. Foi um dos fundadores do Sulscrito – Círculo Literário do Algarve e fez parte da direcção da revista literária com o mesmo nome. Fez parte da organização de vários eventos na área da literatura, entre eles o encontro de escritores Palávra Ibérica e o LerAlto.
OFICINA DE VOZ
16 - Domingo
15h_18h - sede da ArQuente, Faro - Oficina de Voz (1), por João Machado
João Vaz Machado nasceu a 1-8-1966 em Serpa , tirou o curso de actor no I.F.I.C.T.( Instituto de Formação Investigação e Criação Teatral), o curso de Imagem Audiovisual na Escola António Arroio, o Curso de Formadores na Área de cinema pela Algarve film comission, Frequentou o curso de Teatro físico, com o grupo: Fura Del Baus em 1996, Lisboa. Frequentou o curso de Caricatura Teatral na Universidade de Berkeley em S .Francisco, Califórnia.
Encenou uma dezena de peças de Teatro entre Lisboa e Algarve, e tem representado; Peças/ Performances/ Hapenings. continua a Lecionar, a escrever e representar, participa e desenvolve peças de video Artìstico e experimental.
WORKSHOP DE VOZ por João Machado
dias 16 e 30 de Março e 13 de Abril– módulos individuais – cada sessão 10 Euros – Total (pago de uma vez só) 25 Euros
"Produção de sons humanos emitidos pela laringe com o ar que sai dos pulmões, faculdade de falar, grito de queixa, protesto ou reclamação, clamor, brado, direito de exprimir uma opinião, boato, palavra, ordem militar dada em voz alta, contexto polifónico vocal ou instrumental( soprano, contralto, tenor e baixo) e claro, tudo isto assente numa base de exercícios de respiração disciplinar".
Workshop aberto a todos aqueles que querem aprender como melhor usar a voz, especialmente a quem usa a voz como ferramenta de trabalho.
SESSÃO I
- Ginástica diária
- Exercícios de improvisação de som e movimento
- Técnicas de respiração
- Prática diária intensiva
- Descoberta do som
SESSÃO II
- Ginástica diária
- Exercícios de improvisação de som e movimento
- Técnicas de respiração
- Prática diaria intensiva
- Uso da palavra sonora
- Articulação-projecção-dicção
SESSÃO III
- Ginástica diária
- Exercícios de improvisação de som e movimento
- Técnicas de respiração
- Prática diária intensiva
- Partitura de som
- Partitura de som e movimento
- Partitura de palavra e movimento
- Estilo: teatro, prosa, poesia e locução
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