terça-feira, 29 de abril de 2014

O BALANÇO


Findo o Festival, o balanço. 
Pois bem, em poucas palavras, direi que o Festival Poesia & Companhia foi uma pedrada no charco.
Pretendia-se:
- aproximar o público da poesia e dos poetas Algarvios;
- promover o diálogo entre a poesia e as outras disciplinas artísticas;
- chamar a atenção para a Cidade Velha (revitalização);
- formar, atrair e fidelizar público para as manifestações artísticas locais, promovendo e facilitando a sua intervenção no desenho do evento;
- afirmar a importância da arte;
- aproximar os diversos agentes culturais;
Isso seria alcançado usando-se um contacto muito pessoal e próximo com todos os participantes, num ambiente informal, recriando o que se poderia chamar “ambiente de café. Por outro lado, a sua duração permitira a fidelização de público e a fidelização desse público a um local.
Nesta medida, e correndo o risco de a afirmação não poder ser confirmada, direi que o Festival alcançou os seus objectivos gerais, chamando a atenção para os poetas e para a produção poética local, envolveu o público nas actividades numa simbiose que foi visível, e multiplicou-se pela cidade.
Ficou bem clara a inexistência de uma programação poética e cultural, regular e próxima dos seus destinatários. Ficou bem clara a necessidade dessa programação.
Existem aspectos a melhorar? Sem dúvida! Mas correu muito bem.
Espreitem de novo (ou pela primeira vez) o blog e esta página e perceberão o que estou a dizer.

Ps. O blog vai continuar e algumas actividades estão a ser planeadas. Fiquem atentos.

Luís Nogueira



















CONTINUA...

quinta-feira, 24 de abril de 2014

2 Poetas gregos

2 Poemas lidos por Adriana Nogueira no Festival Poesia & Companhia


- de Mimnermo, um poeta do séc. VII a.C., em tradução de Frederico Lourenço (publicado pela Cotovia, intitulado Poesia Grega, de Álcman a Teócrito):

(Elogio do Prazer)

O que é a vida? O que é prazer, sem a dourada Afrodite?
Que eu morra, quando estas coisas já não me interessarem:
o amor secreto, as suaves ofertas e a cama,
que são flores da juventude sedutoras
para homens e mulheres. Mas quando chega a dolorosa
velhice, que faz do homem belo um homem repulsivo,
tristes preocupações sempre lhe moem os pensamentos
e já não sente prazer em contemplar a luz do sol,
mas é odiado pelos rapazes e desonrado pelas mulheres.
Assim áspera foi a velhice que o deus impôs.

- de Anacreonte, poeta do séc. VI a.C., li este, traduzido por mim e ainda não publicado:

As minhas fontes já estão grisalhas
e a minha cabeça branca;
A fresca juventude já não está comigo,
Os meus dentes estão velhos
E já não me resta muito
tempo da doce vida ;
Por isso lamento-me com frequência,
receando o Tártaro: pois
as profundezas do Hades
são terríveis, e a descida para lá
é difícil; e também é certo que
quem desce não volta a subir

Poesia: encontre-a na NET

Excesso de informação na Net/Informação Precisosa na Net: Poesia

segunda-feira, 21 de abril de 2014

ENCERRAMENTO/DEBATE

dia 23, a partir das 18:30, na sede da ArQuente terá lugar a cerimónia de encerramento/debate do Festival Poesia & Companhia.

domingo, 20 de abril de 2014

LerAlto

[escritos/lidos no LerAlto]

Há muito mais que um ser
na voz
um devir vibrante
frémito fulgurante que embate nas paredes
e transforma
pelo ar
dúctil canal que intercepta e continua
um será
quando lemos alto

Pedro Afonso


LerAlto

Ler de alto para baixo
Ler lentamente ou bem depressa
Ler para cativar a atenção dos ouvintes ou sussurrar bem baixinho para não se comprometer
Ler com ternura a poesia de uma criança
Ler a língua que se sabe ou a língua que não sabe e o nariz que ajuda
Ler os cheiros e parar para degustar a fruta fresca desta Primavera
Ler recados pela manhã estrategicamente colocados ao lado da cafeteira de café
Ler lábios e parar de ler porque o beijo se embrulhou consoante as vogais
Ler linhas na palma da mão que dá prazer quando toca o sexo
Ler a pauta de música onde figuras cantam ritmos e melodias que querem voar outra vez, imitando a sinfonia de um bando de aves que poisa agora em meus ombros
Ler os teus lagos de lágrimas onde mergulho e respiro embriagado o frémito do desejo
Ler a teoria e dançar a prática
Ler a palavra que falta
Ler a idade numa escarpa oblíqua
Ler a sentença de uma morte anunciada tatuada nas rugas de um Poema que agora Nasceu

Marco Ferraz


Ler Alto

Gostava de ler, e lia, mas lia alto, tão alto que ninguém entendia o que lia. E quando lhe pediam para ler mais baixo, ele lia, mas lia tão baixo que ninguém o ouvia. Nunca deixou de ler, mas nunca alguém percebeu o que dizia. Também nunca perceberam outra coisa, nunca perceberam que ele era analfabeto.

Moral da história: Para fazer algo basta fazê-lo, não é preciso saber como.


Luís Ene

LerAlto - 20/04/2014 - 18.30H - Um lugar para ti



O LerAlto é um evento que se pretende que funcione como mostra, através da leitura, do trabalho dos poetas, mas do qual se espera que seja também uma partilha e um espaço de convívio. Assim, convidam-se os poetas/leitores de poesia a participar lendo os seus poemas e a apresentar-se ao público e que este, a quem também se pede participação, entre em diálogo com eles.

O LerAlto teve início em 2005, acontecendo sempre no bar d’Os Artistas, em Faro e prolongou-se por cerca de dois anos com sessões mensais neste mesmo espaço. Deste evento nasceram vários projectos ligados à poesia e foi criada uma dinâmica importante que deu a conhecer novos autores da região ao público da poesia e possibilitou que vários autores se conhecessem pessoalmente.

Nesta rubrica LerAlto convidamos quem escreve a vir dar a conhecer o seu trabalho e quem gosta de ouvir poesia a vir ouvir e conhecer os poetas. Há também espaço para quem queira ler os seus poemas favoritos, falar deles ou dos seus autores.





terça-feira, 15 de abril de 2014

16, 18,19 e 20 de Abril

16 - 4.ª-feira
21:30 - Tertúlia Algarvia - leitura encenada, de e por Luís Ene - O amor morreu. Viva o amor!


33.

Chovera toda a noite mas a chuva não levara a recordação dela. Ele sentou-se na cama, acendeu a televisão e continuou a chorar em silêncio. Nos próximos dias persistirão os aguaceiros mas poderão acontecer pequenas abertas, afirmou o meteorologista. O homem sentado na cama não deixou de chorar mas um sorriso tímido abriu-se no rosto molhado.
 Luís Ene 
18 - Sexta-feira
18h30 às 20h30 - sede da ArQuente, Faro - À conversa com Isa Catarina Mateus + Leituras encenadas por Patrícia Amaral 



Isa Catarina Mateus nasce em 1974 em Angola. Estuda educação musical e piano 
no Conservatório Regional do Algarve entre 1981 e 1991. Ano em que faz um curso 
breve de organização de Bibliotecas pelo Instituto Português da Juventude. Em 1998 
licencia‐se em Estudos Portugueses pela Universidade do Algarve. Em 2000 conclui a 
pós graduação em História da Arte Contemporânea pela Universidade Nova de Lisboa. 
Enquanto estudante, faz rádio e participa em escavações arqueológicas. 
Em 1998 integra a primeira equipa do projeto RADIX da Direção Regional da Cultura do 
Algarve e entre 2010 e 2011 um projeto conjunto da Direção Regional da Cultura do 
Algarve e da Direção Regional da Educação do Algarve.  
Inicia a sua atividade como professora em 1997, como formadora em 2006 e como 
autora  de  materiais  pedagógicos  em  2007.  Colabora  com  a  Direção  Regional  de 
Educação do Algarve no Programa JCE (Juventude/Cinema/Escola) desde 2002 e no 
Projeto VER para LER desde 2008. Atualmente é formadora e autora de materiais no 
Plano Nacional de Cinema.  
Frequenta regularmente formação complementar nas áreas do cinema, da história da 
arte contemporânea e da leitura e escrita. 
Desde 1995 participa ocasionalmente em revistas literárias e culturais e em projetos 
com artistas visuais e plásticos. Tem artigos de investigação publicados em revistas de 

especialidade.

19 - Sábado
16h_17h - sede da ArQuente, Faro - Oficinas de Escrita para crianças, por Sara Monteiro - 8 aos 12 anos




ATENÇÃO - Esta oficina só se realizará se existir um mínimo de 5 crianças inscritas, 10 Euros cada

21h - sede da ArQuente, Faro - Espetáculo spoken word: Chullage



Chullage ou Sr. Preto, é rapper, poeta, dizedor, produtor e técnico de som.
Tem 3 álbuns de rap editados (Rapresálias 2001, Rapensar 2004 e Rapressão 2012) todos com grande repercussão no rap e na musica de intervenção feita em Portugal. Tem várias colaborações com outros artistas, participações em discos e compilações e centenas de apresentações ao vivo.
Desenvolve o projecto de spoken word, Sr. Preto com o qual se junta regularmente a Sr. Castanho (Pedro Castanheira), Pietro Casella, Mick Trovoada, mestre Galissa entre outros, que já correu vários palcos do país.
Tem participado em vários espectáculos e festivais de palavra e spoken de onde destaca “Palavras Andarilhas”, “Tell às Escuras”, “Poetry Slam Margem Sul”, “Clube da Palavra” Canal Q, e “Maré de Contos”. Recentemente assinou uma das latas do Projecto “Musica com Lata” da Conserveira de Lisboa onde participaram vários outros músicos.
Dinamiza os workshops de escrita criativa P.A.L.A.V.R.A (Para Alimentar Letras Atitudes Vozes e Ritmos Activistas) e de Som e Produção Musical com varias escolas e instituições.
Pertence ao colectivo negro de teatro do oprimido KSK - Khapaz di Simia Konsiensia da Associação Khapaz.
Fez musica para a versão de Pedro e o Lobo da companhia Animateatro, 2009; “O Grande Salão” de Martim Pedroso, 2012; co-criou com Tiago Cerqueira a banda sonora e musica original de “Um Sonho de Inverno” de Martim Pedroso, espectáculo que abriu o festival Rotas e Rituais de 2013; co-criou com Flávia Gusmão “O Manifesto” apresentado em Portugal em 2012 (Maria Matos), Brasil e Cabo Verde 2013. Co-criou com Carla Isidoro, para a Gulbenkian, o espectáculo de spoken Word “Palavras na Cidade” que juntou chullage, Vera Cruz, Nastio Mosquito, Kalaf, Biru, Kika Santos, DJ Ride e os Droid (2010);
Fez direcção de som para alguns filmes, de onde se destaca “Salomé” nomeado para o Fantasporto 2014 e Leiria Film Festival 2014.
Através da associação Khapaz desenhou e implementou vários projectos de intervenção comunitária juntamente com outras entidades. Milita com a Plataforma Gueto no combate ao racismo e genocídio dos negros e negras.

Licenciado em Sociologia do Trabalho pelo ISCSP-UTL. Formação profissional nível IV em Som e Produção Musical pela (Restart). Formação em Motion Graphics (Restart). Formação em Edição Criativa de Vídeo (Restart).


20 - Domingo
18h30 - sede da ArQuente, Faro - Ler Alto, sessão de leitura com poetas convidados, aberta à intervenção do público, dinamizado por Pedro Afonso


LerAlto - espaço de partilha e convívio


O LerAlto é um evento que se pretende que funcione como mostra, através da leitura, do trabalho dos poetas, mas do qual se espera que seja também uma partilha e um espaço de convívio. Assim, convidam-se os poetas/leitores de poesia a participar lendo os seus poemas e a apresentar-se ao público e que este, a quem também se pede participação, entre em diálogo com eles.

O LerAlto teve início em 2005, acontecendo sempre no bar d’Os Artistas, em Faro e prolongou-se por cerca de dois anos com sessões mensais neste mesmo espaço. Deste evento nasceram vários projectos ligados à poesia e foi criada uma dinâmica importante que deu a conhecer novos autores da região ao público da poesia e possibilitou que vários autores se conhecessem pessoalmente.

Nesta rubrica LerAlto, que teve lugar a primeira vez no dia 16, pelas 18h30m, no âmbito do Festival Poesia&Companhia, convidamos quem escreve a vir dar a conhecer o seu trabalho e quem gosta de ouvir poesia a vir ouvir e conhecer os poetas. Haverá também espaço para quem queira ler os seus poemas favoritos, falar deles e dos seus autores.

Do dinamizador:


Pedro Afonso nasceu em Faro em 1979 e é onde vive e trabalha. É autor de dois livros de poesia, "ainda aqui este lugar", 4águas, 2008 e "a mesma cantiga de sempre", Lua de Marfim, 2012. Está representado em várias antologias, sendo a mais recente "Algarve – 12 Poetas a Sul do Século XXI", Livros Capital, 2012. Foi um dos fundadores do Sulscrito – Círculo Literário do Algarve e fez parte da direcção da revista literária com o mesmo nome. Fez parte da organização de vários eventos na área da literatura, entre eles o encontro de escritores Palávra Ibérica e o LerAlto.

domingo, 13 de abril de 2014

A Festa do Silêncio

Escuto na palavra a festa do silêncio.
Tudo está no seu sítio. As aparências apagaram-se.
As coisas vacilam tão próximas de si mesmas.
Concentram-se, dilatam-se as ondas silenciosas.
É o vazio ou o cimo? É um pomar de espuma.

Uma criança brinca nas dunas, o tempo acaricia,
o ar prolonga. A brancura é o caminho.
Surpresa e não surpresa: a simples respiração.
Relações, variações, nada mais. Nada se cria.
Vamos e vimos. Algo inunda, incendeia, recomeça.

Nada é inacessível no silêncio ou no poema.
É aqui a abóbada transparente, o vento principia.
No centro do dia há uma fonte de água clara.
Se digo árvore a árvore em mim respira.
Vivo na delícia nua da inocência aberta.

António Ramos Rosa

sexta-feira, 11 de abril de 2014

sorri, se isso te faz feliz

sorri porque o mundo enlouqueceu e tu fazes parte dessa demência; sorri porque acreditas no amanhã e participas da ilusão diária que os telejornais te vendem; sorri porque autorizas narrativas sobre yields de obrigações do tesouro e limiares de 4,5%, como se soubesses o que isso significa; sorri porque admites que políticos de boca cheia te informem de países que se tornaram muito melhores quando a miséria é mais que evidente; sorri porque nem sabes nem te interessas pelo facto de hospitais públicos deixarem de fazer exames de rastreio porque há que obedecer ao cumprimento de metas orçamentais; sorri porque enquanto descansadamente bebes o teu café, há uma mulher que mata a sua própria filha, depois de a mergulhar duas vezes de cabeça num balde, seguindo instruções dadas pelo marido; sorri porque te reitero que o mundo enlouqueceu e que tu fazes parte dessa demência; sorri porque não acreditas na loucura deste poema e estás plenamente convicto que a poesia só pode cheirar a flores, a primavera e ao azul do céu; sorri, se isso te faz feliz; sorri, sorri muito, sorri sempre

Miguel Godinho

quinta-feira, 10 de abril de 2014

11 e 12 de Abril

11- Sexta-feira
18h30 às 20h30 - sede da ArQuente, Faro - À conversa com Luís Nunes Alberto + leituras encenadas por Milai Miu & Teresa da Silva





12 - Sábado


Espaço aberto a partir das 19 Horas - Performance Jardim d'Inverno - Ursula Mestre às 21 horas



Às 22h nos Claustros do Museu Arqueológico de Faro, o "ILHA" no seu contexto poético.
Com a presença de Mauro Amaral (Autor/Co-realizador) & João Bentes (Escritor) e talvez do Pedro Afonso (Escritor). 
A Poesia como esqueleto narrativo-subjetivo deste documentário...





quarta-feira, 9 de abril de 2014

Mais que a morte

Com uma sede maior que a própria sede,
Um gesto maior que as mãos,
Uns pés maiores que os passos,
Um ruído maior que o infinito,
Ela vem dizer-me...

Com um medo maior que o medo,
Um segredo maior que as palavras,
Um amor maior que os corpos,
Uma sina maior que a história do universo,
Ela vem dizer-me...

Com uma ferida maior que o sangue que escorre,
Uma câmara que capta mais que a imagem,
Uns versos que dizem mais que a poesia,
Um frio que me gela mais que o gelo,
Ela vem dizer-me:

Morre, meu amor.
Morre mais que a morte.

Tiago Nené

terça-feira, 8 de abril de 2014

Akua Naru - Poetry: How Does It Feel Now??? (Live Performance) | SoulCul...


Akua Naru - "Poetry, How Does It Feel" OFFICIAL VERSION


mulheres

as mulheres tiram seus panos crus
na hora incerta de uma canção
com os seus passos de fogo nus
no núcleo do grunhido vivo

na hora incerta de uma canção

as mulheres amam as esculturas dos anjos
o palato dos mesmos
bocejando nos seus umbigos e nas suas coxas


as mulheres amam os seus umbigos

as mulheres amam-se nas sombras dos pecadores
amam as praças carregadas de pássaros quentes
amam o vento nas penas dos pássaros quentes

as mulheres amam a vertigem do vento
as mulheres amam a versatilidade do vento
e a boca dos cavalos

Rogério Cão

domingo, 6 de abril de 2014

poema a sul e branco

aqui a sul
saímos da casca dos dias invernengos
caracóis cautelosos
de corpos moles e lentos
depois das chuvas já terem secado
na calidez telúrica do tempo

aqui a sul
a cor do céu espelhada no mar
confunde-se com
a cor do mar espalhada pelo céu
e a salmoura entranha-se nas palavras
e as bocas são banhadas por uma luz
olímpica de sol de verão

as paredes das casas
desmaiam-se de amores por dentro
de suores salgados queimando corpos morenos
gotas de desejo percorrendo nus flancos
desenhando um poema a sul e branco

Alexandre Homem Dual

Abril 4/5/6

4 - Sexta-feira


18h30_20h30 - sede da ArQuente, Faro - À conversa com João Bentes + leituras encenadas por TeAtrito




5 - Sábado
15h - sede da ArQuente, Faro - Oficina de performance (1), por Manuel Almeida Sousa

18h30_20h30 - sede da ArQuente, Faro - À conversa com Paulo Rodrigues Ferreira (escritor e livreiro)


6 - Domingo
16h - Tertúlia Algarvia - Oficina de Poesia e Jazz, por Vítor Reia


18h30_20h30 - sede da ArQuente, Faro - Vídeo performance: "Quem quer ser Português?", por Luis Ene & ArQuente

Noite por ti despida

Adulta é a noite onde cresce 
o teu corpo azul. A claridade 
que se dá em troca dos meus ombros 
cansados. Reflexos 
                                  coloridos. Amei 
o amor. Amei-te meu amor sobre ervas 
orvalhadas. Não eras tu porém 
o fim dessa estrada 
sem fim. Canto apenas (enquanto os álamos 
amadurecem) a transparência, o caminho. A noite 
por ti despida. Lume e perfume 
do sol. Íntimo rumor do mundo. 

Casimiro de Brito

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Sérgio Godinho - Os Vampiros


A Naifa - Inquietação [2013] (As canções d'A Naifa)


Cai a chuva no portal

Cai a chuva no portal, está caindo
Entre nós e o mundo, essa cortina
Não a corras, não a rasgues, está caindo
Fina chuva no portal da nossa vida.
Gotas caem separando-nos do mundo
Para vivermos em paz a nossa vida.

Cai a chuva no portal, está caindo
Entre nós e o mundo, essa toalha
Ela nos cobre, não a rasgues, está caindo
Chuva fina no portal da nossa casa.
Por um dia todos longe e nós dormindo
Lado a lado, como páginas dum livro.

Lídia Jorge

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Melancolia

Oh doce luz! oh lua!
Que luz suave a tua,
E como se insinua
Em alma que flutua
De engano em desengano!
   Oh criação sublime!
A tua luz reprime
As tentações do crime,
E à dor que nos oprime
Abres-lhe um oceano!

É esse céu um lago,
E tu, reflexo vago
Dum sol, como o que eu trago
No seio, onde o afago,
No seio, onde o aperto?
   Oh luz orfã do dia!
Que mística harmonia
Há nessa luz tão fria,
E a sombra que me guia
Neste areal deserto!

Embora as nuvens trajem
De dia outra roupagem,
O sol, de que és imagem,
Não tem essa linguagem
Que encanta, que namora!
   Fita-te a gente, estuda,
(Sem medo que se iluda)
Essa linguagem muda...
O teu olhar ajuda...
E a gente sente e chora!

Ah! sempre que descrevas
A órbita que levas,
Confia-me o que escrevas
De quanto vês nas trevas,
Que a luz do sol encobre!
   As vítimas, que escutas,
De traças mais astutas
Que as dessas feras brutas...
E as lástimas, as lutas
Da orfã e do pobre!

João de Deus

terça-feira, 1 de abril de 2014

Agora que morreste

Agora que morreste Mãe
e só em mim te tenho
sou mais que o meu tamanho
porque sou tu também

Tuas mãos afagam minhas mãos
de quem são estes gestos esta pele?
Nunca me deste irmãos
só contigo reparto o meu farnel

de quotidianos fardos e alegrias
breves e desta brasa em chaga
que é tua ausência nos meus dias
órfãos mas sempre ao colo desta mágoa

de não te ter de te ter sido esquiva
de não te ter nunca aberto as portas
do meu ser de nunca te ter dado vivas
o que hoje já só são carícias mortas

Teresa Rita Lopes

OFICINA DE PERFORMANCE

Oficina de performance , por Manuel Almeida Sousa - €20
Sáb. 5 Abril - 15h - sede da ArQuente, Faro - (1)
Sáb. 12 Abril - 15h - sede da ArQuente, Faro - Oficina de performance (2)
Inclui realização de uma performance como exercício final para todos os interessados

*


manuel de almeida e sousa nasceu em cascais no ano de 1947. 
formado pela escola superior de teatro (conservatório nacional de lisboa)
outras formações: - pós graduação em estudos de teatro (faculdade de letras de lisboa)
é formador de professores para a área da expressão dramática (reconhecido pela universidade de braga) 
iniciou a sua actividade como profissional de teatro no ano de 1976 no projecto "anima" - acção de poesia visual portuguesa e posteriormente dedicou-se ao teatro para a infância. 
em 1979 criou o grupo "mandrágora" (associação cultural com acções experimentais na área do teatro e da performance-art) onde encenou e participou como actor/performer na quase totalidade das produções. 
no ano de 1980, entra para a escola secundária passos manuel como professor para as expressões artísticas - oficinas de expressão dramática e teatro educação. nessa escola secundária cria e estrutura o curso profissional de formação de actores (nível secundário).
manuel de almeida e sousa tem ainda desenvolvido projectos na área das artes gráficas, performance art, mail art, poesia experimental e outras acções no campo das artes performativas.
está representado em projectos da dita "vanguarda estética" em espanha, frança, itália, polónia e bélgica.


recentemente, os seus projectos dramáticos, foram editados no brasil - livro com 5 peças teatrais de sua autoria.

***
A OFICINA

propõe o “jogo” como meio para o atingir o acto em processo e progresso chave: - MEMÓRIA ---> a do quotidiano > a do movimento > a do ritmo > a dos objectos
DESTINADA A TODOS
IDADE SUPERIOR A 16 Anos


DA PERFORMANCE-ARTE

As correntes estéticas que irrompem no século XX, todas elas, propõem uma interligação das diferentes “disciplinas”
artísticas.
A performance-arte é uma das acções estéticas que explora esse “ligar”, ou um “religar” (não ler como "re-ligare" - religião). Ou talvez… também sim, porque não?... Uma vez que o “drama” nasce precisamente do
ritmo, do movimento do corpo. E, o corpo é aqui - na performance-arte - o objecto estético em processo...