segunda-feira, 31 de março de 2014

Manuel Alegre :: Estou triste / Dito por Mário Viegas (+lista de reprodu...


Não posso adiar o amor para outro século

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração

António Ramos Rosa

domingo, 30 de março de 2014

Mário Viegas diz Jorge de Sena "*Carta a meus filhos..." do disco "Prete...


Lembrança da Ria de Faro

Dunas atrás da casa
gafanhotos cor de
madeira cardos cor de areia
ao fim da tarde,
barcos na água rósea
onde a cidade, em frente à casa, cai
De madeira caiada a
casa está
sobre a areia, que escurece quando
a maré devagar desce na praia

Gastão Cruz

sábado, 29 de março de 2014

Mais um poema

Verões virão E verões virão ainda de pés descalços de apanhar pedras na praia de cheirar a cor do mar de usar tão curta a saia. E verões virão ainda de subir rochas usar no pé uma sandália cantar canções fazer rodar a saia. E virão verões assim ainda. E verões virão ainda de nadar umas braçadas beber taças de mojitos comer camarão picante deixar cair a saia. E verões virão em que o mar se aquietará e nem pés nus nem nas sandálias. A conta gotas onde é que estou para onde fui o que é que eu fiz às minhas saias.

Sara Monteiro


sexta-feira, 28 de março de 2014

Luar de Agosto

Luar de Agosto, o céu em lua cheia!
Na mole intumescência o mar cantando,
Parece estar uma oração rezando...
E, por cenário, o fundo duma aldeia...

Insisto: Algarve em festa; bruxuleia
A luz da lua, tudo prateando
Num milagre de luz, que vai mostrando
Festa que lembra uma Panateneia...

Há saudades de amor e de verbenas...
Trilam as rãs, desfolham-se açucenas,
À luz mortiça do luar dorido...

E é Faro a Sulamitis descansada
No regaço da noite, desmaiada,
Sem os astros a terem pressentido!

Vítor Castella

quinta-feira, 27 de março de 2014

Vila do Bispo

Os poetas doentes de palavras
habitam litorais enevoados
percorrem praias de calhaus
ao sabor de ventos e marés.
Haverá sempre uma duna
que lhes desperte um sentimento
água límpida, poentes
lágrimas de deuses cinzentos.

Inútil a solidão
da casa da falésia
dos pinheiros na colina
da vegetação ardida
e de novo renascida
pela inevitável passagem das estações.

Melhor a perfeição do casario
a simplicidade da praça
as ruas rectilíneas e desertas
deste sul com sabor atlântico
e restos de navios.

António Ventura

quarta-feira, 26 de março de 2014

Eu acredito no silêncio

Eu acredito no silêncio. 
Eu creio no seu poder. 
Não é preciso mostrar 
O som da palavra, 
Basta olhar… 
Não é preciso gritar 
O som da dor, 
Basta sentir…

Paula Laranjo

terça-feira, 25 de março de 2014

Formação em literatura - 29 Março

Curso breve de nova literatura portuguesa [1990-2013]: poesia 

Descritivo:

Formador: Paulo Pires
Data: 29 de Março de 2014 - 14h00 às 18h00
Local: Associação ArQuente (Faro), no âmbito do Festival Poesia & Companhia
Público-alvo: público em geral

Requer inscrição prévia (mínimo de 8 pessoas) | 10€ por pessoa - desconto aos primeiros cinco inscritos


Conteúdo:

Tanto a novíssima poesia como a fértil microficção portuguesas – universos sobre os quais ainda recai um
acentuado desconhecimento, pouca visibilidade e, por vezes, alguns preconceitos/estereótipos – podem, de facto, pelas suas indesmentíveis vitalidade e diversidade, constituir-se como recursos úteis, dinâmicos e eficazes para a criação e/ou aumento e consolidação dos hábitos de leitura. Paralelamente, é importante, não só para os vários profissionais da área (professores, bibliotecários, animadores e mediadores de leitura, etc.), mas também para o público em geral, ter um conhecimento actualizado, abrangente, sintético e selectivo dos autores e obras, com qualidade literária, que todos os dias chegam às livrarias, contextos digitais e media em Portugal.


Paulo Pires | bio curta

Nasceu em Faro em 1977. Tem formação superior em Línguas e Literaturas Modernas e especializações em Estudos Culturais, em Arquivística e em Música.
Trabalhou vários anos no sector livreiro numa empresa líder de mercado.
Produziu diversas obras de investigação, artigos especializados e conferências, e coordenou colóquios de
referência e tratamento de espólios documentais sobre história contemporânea algarvia.
Tem desenvolvido projectos de mediação e difusão da leitura/literacia com as mais reconhecidas figuras das Letras, Artes e Cultura portuguesas, e em colaboração com a Secretaria de Estado da Cultura.
Dinamiza intervenções culturais de continuidade em bibliotecas e em contextos associativos e escolares (e noutros espaços não convencionais), promovendo práticas de Voluntariado de Leitura.
Colabora assiduamente, a nível de investigação, eventos e publicações, com o Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias (CLEPUL) da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Integra, com Sónia Pereira, o projecto “Experiment’arte” (promoção interdisciplinar da leitura).

É formador nas áreas da Literatura e da Programação Cultural. Escreve regularmente na imprensa sobre cultura, bibliotecas, livros e música.É, actualmente, programador cultural no Município de Silves.




2 poemas abertos ao regime, saliva

exorto à primavera que desponta
na erva fofa que cobre os prados
escutando chilrear os pássaros
resmalha-me um regato na boca
e é por isso que em ti penso coelho
correndo para minha toca

dão-te caça a torto e a direito
mas tu   único e verdadeiro
és um coelho muito esperto

cada palavra tua uma luz divina
que se entorna por mim adentro

tens perdido cabelo
isso que dizem é só inveja
corre para a minha toca coelho
que eu coço-te a careca


***



no longo frio do inverno
se se assoma a névoa da incerteza
enxugo as lágrimas do medo
e prendo ao quentinho do meu pensamento
os teus discursos sobre crescimento

és duma língua empreendedora
esgalhas tão bem as palavras
quando à coragem portuguesa teces loas
ardem-me os peitos quais fagulhas

ergues alto o mastro da nação
seguem-te muitos capitães
com a brava espada na mão

não me amansa a fera
a pena do poeta peço-te
do alto da sofreguidão
coelho quando possas
refunda-me a constituição

João Bentes

DIA 25 - LEITURAS ENCENADAS


21h_23h - Tertúlia Algarvia - leituras encenadas por José Jesus e Margarida Cândido Lopes de poemas de Sara Monteiro





segunda-feira, 24 de março de 2014

POESIA A DOBRAR

28 - Sexta-feira
18h30 / 20h30 - sede da ArQuente, Faro - À conversa com Rogério Cão & Luís Ene + leituras encenadas pelos próprios



por causa do fumo

a metade acesa da lua
derrama-se pelo mar
até à ria

ambos assim
a esta distância
parecem quietos

isto de ter que vir fumar
à janela
é um bocado chato
mas às vezes traz poesia

Pedro Afonso

domingo, 23 de março de 2014

OFICINA DE ESCRITA - Luís Ene

23 Março, 16h_18h - Tertúlia Algarvia - Oficina de escrita, por Luís Ene 


GUIÃO
- Escreve como a estrada começa e  depois recomeça


A partir de uma frase/verso/poema de Mário Cesariny o participante será desafiado a escrever, a escrever e a escrever, e depois a reescrever, marcando dois claros momentos no exercício da escrita. Será também desafiado a comentar/criticar o seu texto e os textos dos outros.

Princípios a ter em conta:

Escreve-se escrevendo.
Escrever é rasurar.
Escrever é sempre escrevermo-nos.

I – Ponto de partida

Frase a utilizar

Ama como a estrada começa
Mário Cesariny

Regras básicas:
Escreva sem pensar (muito), deixe que a mão escreva, deixe que o texto se escreva.
Não apague, não risque, continue sempre, recomeçando se tal se mostrar necessário.
Não há certo nem errado.


II – Exercícios - Enunciação - A serem executados  pela ordem e na quantidade desejada


1. Continue a frase, descrevendo, linha a linha, como/onde/quando a estrada começa (pode pensar ou não em versos/linhas). Deixe-se guiar pelas palavras, pelos seus sons e pelos seus sentidos, procure um ritmo.

Exemplo:
Ama como a estrada começa
Pelo princípio do princípio
No ponto exacto onde a imaginaste
...

2. Uilizar a frase, escrevendo uma pequena ficção. Para tanto altere-se o sujeito e os tempos  verbais, se for preciso, e acrescente-se um resultado, uma conclusão, tanto quanto possível contraditório ou inusitada.
Exemplo:
Ela amava como a estrada começava, a direito, o pior era quando apareciam as curvas e contra-curvas.
Ele amava como a estrada começava, o problema é que nunca acabava.
...

3. Use a frase como a primeira de um diálogo e continua-o. Imagina o que está fora, escuta o diálogo como se o estivesses a ouvir com dificuldades, como se o tivesses de aclarar, de completar, de interpretar.

Exemplo.
- Ama como a estrada começa.
- O que queres dizer com isso?
- Porque perguntas? Nunca amaste?


III


Escolha um dos exercícios e reescreva o material, escolhendo, cortando e corrigindo até encontrar um resultado final.




sábado, 22 de março de 2014

Quando não tenhas à mão...

Quando não tenhas à mão
Outro livro mais distinto
Lê estes versos que são
Filhos das mágoas que sinto.

António Aleixo

sexta-feira, 21 de março de 2014

Manifestação poética - Tu és o poema - Vem dizer-te na nossa companhia


dia 22 de Março

Concentração no Maktostas às 16 h 
Saída 16:30
Percurso Maktostas sede da ArQuente

Pontos de paragem
1 -maktostas
2 -Pontinha
3 -em frente à zara
4 -Café Aliança, 
5 -Jardim Manuel Bivar em frente à estátua de João de  Deus

última etapa em direcção à sede da ArQuente

Avaliação Periódica, pressupostos

Rui Manuel Amaral define a literatura como uma macieira que dá laranjas, afirmação instigadora e cheia de potencialidades.

Mas se é fantástico que uma macieira vá além de si mesma e dê laranjas, literais ou poéticas, também confesso que me continuo a surpreender com o facto de uma macieira dar apenas maças.

Agora o que me pareceu sempre um erro, é avaliar uma macieira pela sua incapacidade de dar laranjas. "Sim, as maças desta macieira são fantásticas, mas não são laranjas."

Dito isto e passando ao tema da avaliação, periódica, deste festival, gostaria de lembrar que

O Festival pretende:
- aproximar o público da poesia e dos poetas Algarvios
- promover o diálogo entre a poesia e as outras disciplinas artísticas
- chamar a atenção para a Cidade Velha (revitalização)
- formar, atrair e fidelizar público para as manifestações artísticas locais, promovendo e facilitando a sua intervenção no desenho do evento
- afirmar a importância da arte

- aproximar os diversos agentes culturais

nesta medida, será com base nestes objectivos, e não noutros que faremos qualquer avaliação. 

E devo notar que a participação/intervenção no desenho do evento esteve e está sempre em aberto, dependendo de todos o que quiserem fazer este festival.


Balanços semanais: 

quinta-feira, 20 de março de 2014

Elegia

Ouvi dizer que não se dava com ninguém,
nos últimos tempos; subia sozinho a rua, até ao café,
e nada lhe desviava o olhar de uma atenção fixa
em algures, ou num pensamento que guardou para
si próprio. A vida é sempre uma realidade frágil
para quem se apercebe do outono e os primeiros ventos
do norte, que trazem consigo os céus limpos e as nuvens frias,
arrefecem a alma que não ganhou o hábito da solidão. “A poesia,
respondo-lhe, não dá resposta a esse último desconforto
do ser.” Ele não me ouve, agora que o seu próprio nome
se apaga na monotonia das tardes e das lentas estações. Só
uma ave antiga cruza, por vezes, o céu de esquecimento
em que a sua sombra dorme; deixando um sulco de asas,
como um verso, acordar por instantes a sua imagem.


Nuno Júdice

quarta-feira, 19 de março de 2014

Tarde de leite e rosas, ouvindo a floresta


Tarde de leite e rosas. Cada aresta,
Tinha um rubi tremente:
Fomos ouvir o canto da floresta,
O seu canto de amor, ao sol poente.

Tu querias sorver os poderosos
Lamentos de saudade e comoção
Que, as raízes, dos fundos tenebrosos,
Mandavam, pelo ramo, pra o clarão.

Opalescera já, o ar. O vento,
Correndo atrás da sombra, murmurou...
Sentiu-se um fechar de asas. Num momento,
A floresta, cantou.

Em cada ramo, um violino havia:
Cada folha vibrava, ágil, sonora,
Par'cendo que escondia uma harmonia,
Nas sombras das ramagens, a Aurora.

Como a floresta, meu amor, eu tento,
Atirar o meu canto pra a altura:
Para a fazer cantar, toca-lhe o vento,
Pra me fazer cantar, no pensamento,
Passa o sopro da tua formosura
 
João Lúcio

Próximo fim-de-semana na nossa companhia

21 - Sexta-feira
18h30_20h30 - sede da ArQuente, Faro - À conversa com Miguel Godinho + leituras encenadas por Mauro Amaral
21h - sede da ArQuente, Faro - Espectáculo: Mauro Amaral & Amigos
22- Sábado
16h - Manifestação poética - Tu és o poema - Vem dizer-te na nossa companhia - Concentração às 16 horas em frente ao Maktostas
18h30_ 20h30 - Conversa a propósito de Cidade Autuada - a partir de um auto para Jerusálem de Mário Cesariny
21h - Museu Municipal de Faro - Cinema pelo Cineclube de Faro: “Autografia”, por Miguel Gonçalves Mendes

23 - Domingo
16h_18h - Tertúlia Algarvia - Oficina de escrita, por Luís Ene (máx. 15)
18:30  - Abertura da exposição/ocupação "O meu Quadro é um poema", de Armando Correia.

Em “O Meu Quadro é um Poema”, Armando Correia faz a fusão entre a Poesia e o espaço, com a moldura da Ria como pano de fundo. Num enquadramento irrequieto de poemas, palavras e letras, deixa o convite à leitura e a uma viagem de emoções.…E no fim leve um poema!





terça-feira, 18 de março de 2014

Pedro Afonso

nele o poema lê-se sempre alto

Gil Silva

De frente ou de perfil o Gil é sempre o Gil

Margarida Cândido Lopes

figura que a fazer figura se transfigura

OFICINA DE ESCRITA - 23 de Março

Oficina de escrita, por Luís Ene

Dom. 23 Março - 16h/18h - Tertúlia Algarvia - €10 (Desconto para os primeiros cinco inscritos) Máximo de 15 participantes

Escreve como a estrada começa e  depois recomeça


A partir de uma frase/verso/poema o formando será desafiado a escrever, a escrever e a escrever, e depois a reescrever, marcando dois claros momentos no exercício da escrita. Será também desafiado a comentar/criticar o seu texto e os textos dos outros.

Sobre o formador
Luís Ene foi, em 2002, vencedor da 1ª edição do concurso Novos Talentos com o romance 'A Justa Medida'. No mesmo ano, criou o blog Mil e Uma Pequenas Histórias. Está representado em várias antologias poéticas. Foi fundador e co-editor da Minguante, revista de micro-narrativas online. Manteve durante dois anos um programa semanal dedicado à literatura na Rádio Universitária do Algarve. Faz parte do projecto musical SomComTom. Esteve na origem dos grupos literários Sulscrito e Texto-al. Mantém actualmente o blog Ene Coisas.






Raquel Ponte

ponte entre a poesia e a vida

Luís Nogueira aka Luís Ene

dizem que o festival tem um pilar


José Jesus

O festival Poesia & Companhia tem a sua mão.


Rogério Cão


Quando ele fala a poesia canta

segunda-feira, 17 de março de 2014

S/título

Ergo os olhos acima da linha
de água e contemplo
os versos que os seixos desenham
à tona de mim.
Mergulho as mãos, pelo avesso,
no espelho da bacia e desconheço
o cheiro a mel e amêndoas
no fundo das palavras.
À superfície, boiam mortas as folhas
de oliveiras ancestrais;
mas no fundo, lá bem no fundo,
é o teu rosto que me assombra...

Alexandre Homem Dual

domingo, 16 de março de 2014

Respirar Fundo

Hoje senti-me uma resistente, como se tivesse encontrado uma bolha de oxigénio que permite sobreviver ao ar pesado que o quotidiano nos impõe. Afinal somos mais a resistir. A resistir ao mais do mesmo, ao fazer mais com menos, ao aparecer só para ser visto, à acção que não tem outro objectivo senão apenas ficar registado numa qualquer objectiva. Resistimos pela palavra, essa arma que tem tanto de subtil quanto de poderosa. Resistimos pela poesia. Uns já resistentes experientes, outros que se arriscavam pela primeira vez. Uns dando voz à sua poesia, outros à de outros. Pela poesia apenas. Pelo puro gozo da palavra. Hoje resistimos, e isso dá-me esperança!

Anabela Afonso
[A propósito do Ler Alto de dia 16]


sábado, 15 de março de 2014

Poema de Amor para Uso Tópico

Quero-te, como se fosses
a presa indiferente, a mais obscura
das amantes. Quero o teu rosto
de brancos cansaços, as tuas mãos
que hesitam, cada uma das palavras
que sem querer me deste. Quero
que me lembres e esqueças como eu
te lembro e esqueço: num fundo
a preto e branco, despida como
a neve matinal se despe da noite,
fria, luminosa,
voz incerta de rosa.

Nuno Júdice

Poesia & Companhia no Estado da Arte

Estado da Arte

FESTIVAL POESIA E COMPANHIA, EM FARO.

ESTADO DA ARTE
Primeira Emissão: 14 Mar 2014
Duração: 04m
Classificação:
De Norte a Sul do país há um estaleiro de acontecimentos em construção.
Estado da Arte:
Um palco
Um espetáculo
Uma emoção
Uma ideia
Um convite aos ouvintes? para a galeria de artes da rádio?
Todos os dias...
Medimos o Estado da criação nacional
Do projeto à obra-prima... no Estado da Arte?

De 2 a 6ª feira às 16:11 com Eduarda Maio.

---------------------> Pode ouvir AQUI


Fotografia de Raquel Ponte

sexta-feira, 14 de março de 2014

Desafio superado :)

No dia em que iremos estar com a Sara Monteiro igualo aqui o seu desafio, com muito prazer e um enorme sorriso.


O poema não é fogo
nem cinza
não é uma coisa
nem outra
o poema
é sempre uma coisa
outra

(fumo que arde
sem fogo
nos olhos
cinzentos do
conformismo)

(dor que
se inflama
improvável
no contínuo fogo
da vida)


Sara Monteiro escreve a imagem

O desafio continua de pé e a Sara Monteiro responde de novo, criando um poema para ilustração de Camila Beirão dos Reis a um poema de Rogério Cão.

------>

São carapaças
as carapaças. caixas dos ouriços que restaram abrigo de eremitas.



quinta-feira, 13 de março de 2014

14 DE MARÇO

14 Março - Sexta-feira

18h30_20h30 - sede da ArQuente, Faro - À conversa com Sara Monteiro + leituras encenadas por José Jesus e Margarida Cândido Lopes


Sara Monteiro nasceu em Lisboa, é escritora, professora de Escrita Criativa e Criatividade e coordenadora editorial. Tem vários livros publicados na área infanto-juvenil e colaboração dispersa em revistas e antologias.






Boca

Irrompe feito Verbo, o pensamento
Pela boca, e na graça de um sorriso
Descobre o nosso olhar um paraíso
Num fulgurante e rápido momento.

Da boca sai o cântico e o lamento;
As lindas rosas da manhã diviso
Na tua boca, e em beijos corporizo
O meu desejo rútilo e sangrento…

Folha revolta, arrebatada palma
Do vento impetuoso da paixão,
A teus pés, caindo-te a minha alma,


Arde em mim, Bem-Amada, a ânsia louca
(Para sentir melhor teu coração)
De colar ao teu seio a minha boca…

Cândido Guerreiro

Perfídia

Incrível como se ama
qualquer animal
recém-nascido.
por isso, ainda
que em vão, amamos
o amor quando nasce, esse
animal que em criança
alimentamos,
e que um dia
nos comerá o coração.


Tiago Nené

quarta-feira, 12 de março de 2014

AUTOGRAFIA

Sou um homem
um poeta
uma máquina de passar vidro colorido
um copo uma pedra
uma pedra configurada
um avião que sobe levando-te nos seus braços
que atravessam agora o último glaciar da terra

O meu nome está farto de ser escrito na lista dos tiranos: condenado
à morte!
os dias e as noites deste século têm gritado tanto no meu peito que
existe nele uma árvore miraculada
tenho um pé que já deu a volta ao mundo
e a família na rua
um é loiro
outro moreno
e nunca se encontrarão
conheço a tua voz como os meus dedos
(antes de conhecer-te já eu te ia beijar a tua casa)
tenho um sol sobre a pleura
e toda a água do mar à minha espera
quando amo imito o movimento das marés
e os assassínios mais vulgares do ano
sou, por fora de mim, a minha gabardina
eu o pico do Everest 
posso ser visto à noite na companhia de gente altamente suspeita
e nunca de dia a teus pés florindo a tua boca
porque tu és o dia porque tu és
terra onde eu há milhares de anos vivo a parábola
do rei morto, do vento e da primavera
Quanto ao de toda a gente - tenho visto qualquer coisa
Viagens a Paris - já se arranjaram algumas.
Enlaces e divórcios de ocasião - não foram poucos.
Conversas com meteoros internacionais - também, já por cá
passaram.
E sou, no sentido mais enérgico da palavra
na carruagem de propulsão por hálito
os amigos que tive as mulheres que assombrei as ruas por onde
passei uma só vez
tudo isso vive em mim para uma história
de sentido ainda oculto
magnífica irreal
como uma povoação abandonada aos lobos
lapidar e seca
como uma linha férrea ultrajada pelo tempo
é por isso que eu trago um certo peso extinto
nas costas
a servir de combustível
é por isso que eu acho que as paisagens ainda hão-de vir a ser
escrupulosamente electrocutadas vivas
para não termos de atirá-los semi-mortas à linha
E para dizer-te tudo
dir-te-ei que aos meus vinte e cinco anos de existência solar estou
em franca ascensão para ti O Magnífico
na cama no espaço duma pedra em Lisboa-Os-Sustos
e que o homem-expedição de que não há notícias nos jornais nem
lágrimas à porta das famílias
sou eu meu bem sou eu partido de manhã encontrado perdido entre
lagos de incêndio e o teu retrato grande!



Mário Cesariny
Pena Capital II
pena capital
2ª edição
Assírio & Alvim

terça-feira, 11 de março de 2014

LER ALTO

16 - Domingo
18h30 - sede da ArQuente, Faro - Ler Alto - sessão de leitura com poetas convidados, aberta à intervenção do público, dinamizado por Pedro Afonso

LerAlto - espaço de partilha e convívio


O LerAlto é um evento que se pretende que funcione como mostra, através da leitura, do trabalho dos poetas, mas do qual se espera que seja também uma partilha e um espaço de convívio. Assim, convidam-se os poetas a participar lendo os seus poemas e a apresentar-se ao público e que este, a quem também se pede participação, entre em diálogo com os poetas.

O LerAlto teve início em 2005, acontecendo sempre no bar d’Os Artistas, em Faro e prolongou-se por cerca de dois anos com sessões mensais neste mesmo espaço. Deste evento nasceram vários projectos ligados à poesia e foi criada uma dinâmica importante que deu a conhecer novos autores da região ao público da poesia e possibilitou que vários autores se conhecessem pessoalmente.

Nesta rubrica LerAlto, que decorrerá no dia 16, pelas 18h30m, no âmbito do Festival Poesia&Companhia, convidamos quem escreve a vir dar a conhecer o seu trabalho e quem gosta de ouvir poesia a vir ouvir e conhecer os poetas. Haverá também espaço para quem queira ler os seus poemas favoritos, falar deles e dos seus autores.

Do dinamizador:

Pedro Afonso nasceu em Faro em 1979 e é onde vive e trabalha. É autor de dois livros de poesia, "ainda aqui este lugar", 4águas, 2008 e "a mesma cantiga de sempre", Lua de Marfim, 2012. Está representado em várias antologias, sendo a mais recente "Algarve – 12 Poetas a Sul do Século XXI", Livros Capital, 2012. Foi um dos fundadores do Sulscrito – Círculo Literário do Algarve e fez parte da direcção da revista literária com o mesmo nome. Fez parte da organização de vários eventos na área da literatura, entre eles o encontro de escritores Palávra Ibérica e o LerAlto.


OFICINA DE VOZ

16 - Domingo
15h_18h - sede da ArQuente, Faro - Oficina de Voz (1), por João Machado


João Vaz Machado nasceu a 1-8-1966 em Serpa , tirou o curso de actor no I.F.I.C.T.( Instituto de Formação Investigação e Criação Teatral), o curso de Imagem Audiovisual na Escola António Arroio, o Curso de Formadores na Área de cinema pela Algarve film comission, Frequentou o curso de Teatro físico, com o grupo: Fura Del Baus em 1996, Lisboa. Frequentou o curso de Caricatura Teatral na Universidade de Berkeley em S .Francisco, Califórnia.

Encenou uma dezena de peças de Teatro entre Lisboa e Algarve, e tem representado; Peças/ Performances/ Hapenings. continua a Lecionar, a escrever e representar, participa e desenvolve peças de video Artìstico e experimental.


WORKSHOP DE VOZ por João Machado



dias 16 e 30 de Março e 13 de Abril– módulos individuais – cada sessão 10 Euros – Total (pago de uma vez só) 25 Euros

"Produção de sons humanos emitidos pela laringe com o ar que sai dos pulmões, faculdade de falar, grito de queixa, protesto ou reclamação, clamor, brado, direito de exprimir uma opinião, boato, palavra, ordem militar dada em voz alta, contexto polifónico vocal ou instrumental( soprano, contralto, tenor e baixo) e claro, tudo isto assente numa base de exercícios de respiração disciplinar".

Workshop aberto a todos aqueles que querem aprender como melhor usar a voz, especialmente a quem usa a voz como ferramenta de trabalho.

SESSÃO I
- Ginástica diária
- Exercícios de improvisação de som e movimento
- Técnicas de respiração
- Prática diária intensiva
- Descoberta do som

SESSÃO II
- Ginástica diária
- Exercícios de improvisação de som e movimento
- Técnicas de respiração
- Prática diaria intensiva
- Uso da palavra sonora
- Articulação-projecção-dicção

SESSÃO III
- Ginástica diária
- Exercícios de improvisação de som e movimento
- Técnicas de respiração
- Prática diária intensiva
- Partitura de som
- Partitura de som e movimento
- Partitura de palavra e movimento
- Estilo: teatro, prosa, poesia e locução