quarta-feira, 19 de março de 2014

Tarde de leite e rosas, ouvindo a floresta


Tarde de leite e rosas. Cada aresta,
Tinha um rubi tremente:
Fomos ouvir o canto da floresta,
O seu canto de amor, ao sol poente.

Tu querias sorver os poderosos
Lamentos de saudade e comoção
Que, as raízes, dos fundos tenebrosos,
Mandavam, pelo ramo, pra o clarão.

Opalescera já, o ar. O vento,
Correndo atrás da sombra, murmurou...
Sentiu-se um fechar de asas. Num momento,
A floresta, cantou.

Em cada ramo, um violino havia:
Cada folha vibrava, ágil, sonora,
Par'cendo que escondia uma harmonia,
Nas sombras das ramagens, a Aurora.

Como a floresta, meu amor, eu tento,
Atirar o meu canto pra a altura:
Para a fazer cantar, toca-lhe o vento,
Pra me fazer cantar, no pensamento,
Passa o sopro da tua formosura
 
João Lúcio

2 comentários:

  1. Gosto muito desde poema. Escolhi-o para ler uma vez que me fizeram uma proposta de ler poemas do João Lúcio, o que não aconteceu.

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  2. Eu sabia que gostavas, pázinho, por isso é que o escolhi. Ao contrário do que pensas, da minha boca também sai mel ahahah

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