sábado, 8 de março de 2014

a praça de sempre onde não está ninguém

ouve-se o esforço dos braços queimados
de um amor,sempre, pelo pão e a família
trazendo à janta um olhar cansado,fadiga
dos anos assumidos nas rugas

meu irmão, o pai vai vender o peixe
à praça de sempre
onde não está ninguém

dos livros, lemos como fazer um bom casamento
dos livros, fazemos que a índole caia em graça
e o volume da carcaça reparte-se pelos dedos
feridos das horas que passaram pela brasa

meu irmão,a mãe vai vender hortaliças
à praça de sempre
onde não está ninguém

e se o mar é incerto e o campo é duro
toma por certo que cavalo é burro
se o passado voltar a ser futuro

meu irmão, também eu voltarei
à praça de sempre
onde não está ninguém.

Rogério Cão

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