terça-feira, 8 de abril de 2014

mulheres

as mulheres tiram seus panos crus
na hora incerta de uma canção
com os seus passos de fogo nus
no núcleo do grunhido vivo

na hora incerta de uma canção

as mulheres amam as esculturas dos anjos
o palato dos mesmos
bocejando nos seus umbigos e nas suas coxas


as mulheres amam os seus umbigos

as mulheres amam-se nas sombras dos pecadores
amam as praças carregadas de pássaros quentes
amam o vento nas penas dos pássaros quentes

as mulheres amam a vertigem do vento
as mulheres amam a versatilidade do vento
e a boca dos cavalos

Rogério Cão

Sem comentários:

Enviar um comentário